visitas guiadas dedicadas
a Fernando Pessoa

Percursos pedestres pelas várias moradas e referências do poeta
no território da Freguesia de Arroios.

Entre Junho de 1911 e Outubro de 1919,
Fernando Pessoa

viveu numa multiplicidade de moradas em Arroios. Na verdade, depois de Campo de Ourique, bairro onde se fixou nos últimos 15 anos de vida, Arroios foi a freguesia onde o escritor mais tempo viveu. Nada mais, nada menos que… oito anos!
Foi aqui que se desenrolou um período vibrante da sua vida literária, sempre em construção. Fernando Pessoa vivia já em Arroios quando começou a escrever profissionalmente, em 1912, na revista A Águia, na qual invocou a figura do “Supra-Camões” e publicou o primeiro trecho do “Livro do Desassossego”.

Foi a viver em Arroios

que os seus caminhos se cruzaram, entre outros pares, com Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. Em Arroios, o escritor fez o seu Dia Triunfal, com o qual criou os heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Também aqui, coordenou a explosão criativa que foi a revista Orpheu, além de ser esta a freguesia onde morava quando colaborou posteriormente nas revistas Eh Real, Exílio, Centauro e Portugal Futurista, além de vários jornais.
Foi aqui que escreveu e fez publicar os seus livros oficiais, pequenos opúsculos em edição de autor, com as primeiras versões dos seus poemas ingleses. Além disso, os anos de Arroios trouxeram a Fernando Pessoa inspiração para criar dezenas de poemas e textos em prosa, ortónimos e heterónimos – vários deles tão emblemáticos quanto “Chuva Oblíqua”, “Ode Triunfal”, “Ode Marítima”, “Opiário”, “O Guardador de Rebanhos”, “Passos da Cruz”, “O Marinheiro”, “Hora Absurda”, “A Ceifeira”, “Episódios” e “Ultimatum”.

Os locais

O nosso roteiro passa pelos locais mais icónicos, em que ao seu tempo, Fernando Pessoa palmilhava em Arroios no seu dia-a-dia. 

1

Em Junho de 1911,

abre-se o ciclo de Fernando Pessoa em Arroios, passando a viver no 3.º Esq.º do n.º 24 da Rua Passos Manuel, com a tia “Anica”. Em 1912, Fernando Pessoa conhece Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros; e estreia-se a escrever na revista A Águia, do Porto. Nela, publica os seus primeiros artigos de crítica literária, onde lança a polémica do anúncio do futuro “Supra-Camões” na poesia portuguesa. Nesta mesma revista, em Agosto de 1913, Pessoa dá-nos o primeiro fragmento do Livro do Desassossego: “Na Floresta do Alheamento”. Em Outubro, nos dias 11 e 12, escreve o drama estático O Marinheiro.

2

1914 é o ano da segunda morada em Arooios.

Em Abril, Pessoa muda-se, com a tia “Anica” e a prima Maria, para o 3.º Dt.º do n.º 119 da Rua Pascoal de Melo. Antes disso, em Fevereiro, Pessoa publica os seus poemas “Ó sino da minha aldeia” e “Pauis de roçarem ânsias pela minh’alma em ouro”, agrupados sob o título “Impressões do Crepúsculo”, na revista A Renascença. O “Dia Triunfal” da criação dos três heterónimos acontece a 8 de Março. Começam, em Lisboa, as reuniões preparatórias para a revista Orpheu. Em Novembro, com o genro e a filha, a tia “Anica” abandona Lisboa, para passar a viver na Suíça.

3

Fernando Pessoa fica responsável,

pelo seu alojamento e aluga um quarto em casa de uma engomadeira, na Rua de D. Estefânia, 127, rés-do-chão Dt.º. No dia 24 de Março de 1915, sai o n.º 1 da revista Orpheu. Causando grande escândalo e polémica, a revista repete o sucesso com o seu nº 2, publicado em Junho. Em Novembro, a mãe de Pessoa sofre uma trombose cerebral, em Pretória. Em Dezembro, Fernando Pessoa cria a personagem Raphael Baldaya, astrólogo. Já em 1916, em Abril, Fernando Pessoa publica, na revista Exílio, o poema “Hora Absurda”. No dia 26 desse mês, Mário de Sá-Carneiro suicida-se em Paris, no Hotel de Nice.

4

Rua Antero de Quental

Em Maio de 1916, Pessoa muda-se para a Rua Antero de Quental, em número de porta que ainda hoje desconhecemos. Presumivelmente, tratar-se-ia de um quarto, já que a sua situação financeira não era das melhores. Começa experiências de escrita automática ou mediúnica, um processo de comunicação entre mortos e vivos.

5

Junto à Leitaria Alentejana

Em Agosto de 1916, Fernando Pessoa passa a viver num quarto de sobreloja, na rua Almirante Barroso, n.º 12, junto à leitaria Alentejana. Esforça-se para livrar-se da depressão profunda em que entrou, depois da morte de Sá-Carneiro. Em Setembro, publica a primeira versão do poema “A Ceifeira”, na revista Terra Nossa. Decide retirar o acento circunflexo do seu apelido; e muda a sua assinatura para aquela que hoje tão bem conhecemos.

6

14 Sonetos

Em Outubro de 1916, Pessoa aloja-se na rua Cidade da Horta, 58, 1.º Dt.º. Em Dezembro, publica os 14 sonetos da série “Passos da Cruz”, na revista Centauro. Chegados a 1917, no dia 12 de Maio, Pessoa dá por terminado o n.º 3 da revista Orpheu, cujas provas nunca chegariam a ver a publicação, por falta de verba. Nesse mesmo 12 de Maio, remete sem sucesso, a uma editora britânica, o seu livro de poemas ingleses The Mad Fiddler. Entre finais de Julho e inícios de Agosto, funda o escritório de comissões e representações F. A. Pessoa.

7

O Nº1 da Portugal Futurista

Em Novembro de 1917, Pessoa muda-se para a rua Bernardim Ribeiro, 17, 1.º. Publica-se, nesse mês, o 1.º e único número da revista Portugal Futurista, quase de imediato proibida e apreendida pela polícia. Pessoa participa com dois conjuntos de cinco poemas cada: “Episódios” e “Ficções do Interlúdio”. Álvaro de Campos faz furor com o seu “Ultimatum”. Em Julho de 1918, Fernando Pessoa publica, em edição de autor, os “poemas ingleses”: Antinous e 35 Sonnets. É esta, oficialmente, a sua estreia em livro.

8

Ricardo Reis exilado no Brasil

Em Novembro de 1918, Fernando Pessoa passa a viver num quarto na rua de Santo António dos Capuchos, em nº de porta que chegou desconhecido até aos nossos dias. O ano que se segue, 1919, é o último que Fernando Pessoa passa em Arroios. No dia 19 de Janeiro, uma revolta militar proclama o regresso da Monarquia em Lisboa e no Porto, mas acaba derrotada. Fernando Pessoa aproveita esta “deixa” para inserir, na biografia do heterónimo Ricardo Reis, monárquico, o exílio para o Brasil.

9

Última morada em Arroios

No final de Maio de 1919, o escritor muda-se para a rua Capitão Renato Baptista, 3, R/c Esq.º. Esta será a última morada de Fernando Pessoa em Arroios. A 7 de Outubro, morre, em Pretória, o seu padrasto, João Miguel Rosa. Nesse mesmo mês, o escritor muda-se novamente, agora para a av. Gomes Pereira, em Benfica.

10

família chega a Lisboa

Esta não é em rigor uma “morada de Fernando Pessoa”, mas pode ser considerada “pessoana”. Com efeito, no dia 30 de Março de 1920, a mãe e os três meios-irmãos de Pessoa chegam a Lisboa, vindos da África do Sul. Alojam-se em casa de um primo, António Pinheiro Silva, na av. Casal Ribeiro, n.º 35, onde aguardam que Fernando Pessoa finalize o processo de fixação da família na rua Coelho da Rocha, n.º 16, 1.º Dt.º, em Campo de Ourique.

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